ÍNDICE
ESCRITORES
José Roberto Vasconcellos
1 – No
ano de 1940 e ss. a paisagem de Bragança era totalmente
diferente da atual. Os pequenos elevados onde hoje existem casas
residenciais (Vila Aparecida, Vila Maria, Jardim São José, Jardim
América e outros), eram campos de pastagens, invernadas ( onde
podíamos ver o gado vacum pastando tranqüilamente). A cidade era
bem cuidada com seus jardins floridos; as praças centrais – Raul Leme e
José Bonifácio - apresentavam belos jardins com um imenso roseiral. de
rosas. A cidade foi aclamada pelo jornalista
paulista Willy Auréli, como Cidade das Rosas.
A cidade não apresentava prédios
altos – o primeiro edifício de 3 andares aqui construído
foi o Edifício “Aguiar Leme”, na praça Raul Leme .
2 – Minha vida de jovem foi toda aqui
vivida . Naquele tempo, as diversões dos jovens eram: ir ao cinema
(a cidade tinha três), Clube Literário, Tanque do Moinho, Jardim
Público (também chamado Parque das Pedras), rodas de amigos, footing na
praça e andar de bicicleta por toda a cidade, onde tive a oportunidade
de acompanhar o surgimento das Vilas Bianchi, São Francisco, Vila Maria e
outras. Nesse tempo não existiam motocicletas, somente
bicicletas e algumas a motonetas de duas rodas, mais
conhecida por lambreta.
3 – Quando criança, residia na rua Cel Assis Gonçalves,
a popular Rua da Palha. Nessa rua passei os melhores momentos da minha
vida, brincando com os amiguinhos no imenso terreno arborizado que lá
existia (hoje é a sede da Casa de Cultura Maestro Demétrio Kipman ),
Nessas árvores, agarrados aos cipós, vivíamos como Tarzan. No
outono ocorria a queda das ramagens das palmeiras imperiais
que existiam nas praças Raul Leme e José Bonifácio. Após a saída da
escola – Jorge Tibiriçá – eu e os amiguinhos, cada qual
pegava algumas ramagens e após sentar nelas deslizava-mos
Travessa do Riachuelo a baixo, até a casa do professor
Juvenal Silva (hoje existe a esquina da Rua Dom Aguirre).
Era uma alegria imensa.
Ao final da travessa, existia uma famosa biquinha, a
mais antiga e tradicional, conhecida como “Chafariz Vermelho”.
Naquela época era projeto a construção de uma avenida que
contornasse toda a cidade – a Avenida Circular, hoje , Avenida
José Gomes da Rocha Leal. Quando da construção da avenida, a fonte
d água desapareceu, incorporando-se a tradicional lenda bragantina
:”quem bebe d água dessas fontes não mais vai embora”.
4 – A televisão surgiu na metade da década de 1950. Não
havia, video cassete, computador, vídeo game e DVD. Para ouvir
noticiários e novelas, havia o rádio.
Discos (em vinil: 33, 45 e 78 rpm) somente em vitrolas. O
primeiro aparelho de TV que conheci na cidade foi na casa do sr.
Mauro Del Roio (Bauna). Na garagem de sua casa, na Rua Cel. Assis
Gonçalves, existia uma arquibancada, e foi instalado para o
publico, uma TV para que se pudesse acompanhar as transmissões de jogos
de futebol, e somente do PALMEIRAS, que tinha como símbolo o Periquito.
Baúna era “parmeirense” roxo.
Na década de 1950, os meios de comunicação existentes na cidade
eram: telefone (CTB) , radio(a ZYM 9 – Radio Bragança), estradas
de rodagem (eram de terra ) e ferroviária (EFB) e dois jornais:
Cidade de Bragança e Bragança Jornal.
5 – O trânsito era calmo, poucos veículos nas ruas,
e raros acidentes provocados por veículos. (os motoristas
cumpriam rigorosamente a lei de trânsito).
Mesmo nessa raridade, eu próprio, na idade de 6 anos, sofri um
atropelamento na praça central. Outros acidentes ocorreram que
provocaram a morte de menores.
Violência urbana não existia, pois o País vivia uma
vida tranqüila, havia emprego e comida nas mesas das famílias.
6 – Nesses últimos 50 anos, houve sensível
melhora na vida dos bragantinos, em todos os setores. Uma das causas foi
a formação cultural das pessoas, a melhoria do serviço de Força e
Luz (a partir de 1964) propiciando a abertura de novas de
industrias, proporcionando novos empregos; o surgimento de novas
escolas em vários níveis, em especial duas de nível superior
a FESB (ex-FACILE) e a USF. Naquela época, a cidade tinha
um hospital ( a Santa Casa) e duas Casas de Saúde, cada qual
de propriedade e direção de dois renomados médicos: dr. José de
Aguiar Leme e dr. José da Silveira Guimarães, 5 ou 6 médicos, 4 ou 5
cirurgiões-dentistas. As estradas de rodagem eram de terra, a
qualidade da água servida a população e o serviço de força e luz
deixavam muito a desejar, pois constantemente havia a falta
de água, luz e energia elétrica nas casas. Duas
escolas do ensino público (G.E. Jorge Tibiriçá e José Guilherme, duas de
ensino particular (Colégio das Madres e o São Luiz), duas de curso
técnico profissionalizante ( a Rio Branco e a Industrial) e uma
única indústria (a Cia. Têxtil Santa Basilissa).
7 – Sou ex-aluno do Colégio Sagrado Coração de
Jesus, turminha de 1946 onde fiz o Jardim de Infância da Madre
Maria, ao tempo que funcionava num casarão na rua Cel. João Leme.
Madre Maria, minha professora, é lembrada com muita saudade
por seus ex-alunos
Naquele casarão, como muita criança, fiz minhas peraltices;.
Lembro-me que certa vez, na companhia do coleginha Sacha kaslaukaz,
subirmos ao telhado do Colégio e lá do alto, sentados sob as telhas
ficávamos rindo dos gestos das alunas e madres que pediam para que
a gente descesse. A peraltice foi gostosa, mas os puxões de orelha,
dado por minha mãe, quando lembro, ainda doem.. Tenho ótimas recordações
daquela casa, onde em 1946 fiz minha 1ª primeira comunhão.
8 – Amo Bragança Paulista! Amo viver neste
meu torrão natal. onde na companhia de minha esposa (que me acompanha a
46 anos), constitui minha família (3 filhos, uma neta e um outro a
caminho), aqui fiz meus estudos, me formei e trabalho a 51 anos.
Em Bragança Paulista, a cidade-poesia, vive-se com tranqüilidade e segurança;
24/03/04 14:43:05
jrvasconcedllos@uol.com.br
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