É
advogado, historiador,
vice-presidente do Condephac de
Bragança Paulista. Seus
trabalhos sobre a memória de
Bragança Paulista são publicados
na imprensa local, da qual é
colaborador assíduo, com
centenas de artigos publicados.
Promoveu e realizou exposições
de fotos antigas de Bragança, no
saguão do Banco Itaú – Ag. Praça
Raul Leme (1985/1986).
Cedeu fotos e textos históricos
de seu acervo particular à quase
totalidade dos livros e revistas
editados sobre a história de
Bragança Paulista.
rey_naldo@bol.com.br
A
recuperação da história
No Brasil enxergam todas estas
informações/documentação/memória
como um luxo e um luxo que
custa caro demais, ao invés de
enxergarem como um
investimento que fornece
condições para conhecer o
passado e a possibilidade de
construir o futuro.
Bragança Paulista não fugiu
desta realidade brasileira.
Bragança hoje sofre de um
complexo de inferioridade de
não ter dado valor ao passado
e não ter tentado aprender com
os erros do passado.
Viveu e sonhou como "Cidade
Poesia". Temos uma necessidade
profunda de nos apropriarmos
de nossa história (o nome dos
antepassados, suas histórias,
idas e vindas, amores e
desilusões) e a nível oficial
não investiram suficientemente
na guarda de documentos que
permitem reconstituir esta
história.
Neste século, muitos homens
reconhecendo a grandeza de
nossa terra, perpetuaram seus
nomes, uns com escritos e
outros fotografando a cidade:
José Antonio da Silveira Maia,
José Maximo Pinheiro Lima,
Cyro Jr., Nicolao Asprino Jr,
Fernando de Assis Valle,
Caetano Zappa, Saturnino
Pacitti, João Carrozzo,
Zeferino Vasconcellos Filho,
Euclides de Souza Mathias,
Daniel Deusdeti Peluso (com
escritos) r Arthur Centini,
José Abramo, Francesco
Giaretta Parodi, Victorino
Janczur, Agostino Genovesi,
Ângelo Rafaelle Lobozzo, Mauro
Peluso e Edmar Anderson
Amighini (na fotografia). Para
a geração de hoje esses nomes
são, em regra, totalmente
desconhecidos.
Nas bibliotecas escolares e na
oficial pouco existe para se
investigar sobre a história da
cidade. A Câmara Municipal, a
partir de 1990, criou seu
arquivo de memória de alto
padrão e basicamente relativo
a história da trajetória dessa
Casa. O Museu Municipal possui
um acervo textual e
fotográfico de um passado
longínquo que , guardado em
arquivo, talvez nem seja do
conhecimento de muitos
bragantinos e especialmente
dos estudantes. Os
particulares muitas coisas
"guardam" quer em documentos e
fotografias do passado. Uma
coisa é certa e séria: quem
detém informações, sabendo
usa-las, detém o poder.
A fotografia está presente em
todo lugar. A fotografia, dado
seu baixo custo aparece
freqüentemente em grande
quantidade nos acervos,
entretanto os que as detêm
pouco ou nada se preocupam com
sua organização e
conseqüentemente desconhecem
dos conceitos para planejar a
organização do acervo. A
descontinuidade nas políticas
governamentais sempre traz
problemas a sistemas de
informação ou acervo, bem
cuidados num certo momento,
recebendo verbas e
facilidades, sendo abandonados
tempo depois.
Os "projetos-memória" estão se
tornando modismo, mas ainda há
muita memória para ser
resgatada, organizada. Fotos,
então, vão se perdendo com uma
rapidez assustadora. O quadro
não é tão negro quanto pode
parecer, principalmente se
olharmos para o lado de alguns
movimentos em nossa cidade,
empenhados em estruturar nossa
memória.
"Conhecer o passado é a maior
garantia para construir um
futuro melhor. A preservação
do passado não evita erros
novos, mas se as informações
forem devidamente analisadas e
entendidas, gerando
conhecimento, elas podem
impulsionar soluções novas.
Johanna W. Amit/1994)
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José
Roberto Vasconcellos
Entrevista - 24.03.2004