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ESCRITORES


João Luiz Servelhere


MINHA SEMPRE VIVA MAE


Primeiro mulher, depois mãe!
Ou será mãe, depois mulher?
Não importa... é o infinito que assim o quer,
É a vida que se manifesta em seu ser...

Mãe é mulher determinação,
Mãe é amor, é razão.
É uma condigna maneira de viver
De fazer a vida ser desflorando-a;
Configura o mistério inefável,
Leve, fluido, por isso instável,
Em busca do eterno Fim dos fins...

Mãe é roupagem do amor
A curar a doença, a sarar a alma,
A vestir a vida de arco-íris
Nas turbulentas noites eternas
De assombrosos pesadelos infantis...
Abrindo portas, obstáculos transpondo,
Muralhas demolindo,
Ressignificando a vida,
Compelindo-me a crescer.
Não há problema que não resolva,
Não há mal que a assombre,
Não há noite sem luz,
Não há medo sem acolhimento.
Mãe-mulher, ser singular
Que ao realizar-se sempre vai
Além das medidas do amor...
Além do bem e do mal.
Seu autêntico amor dissolve a penumbra
Das dúvidas, liberando caminhos;
Seu desmedido amor autêntico
Imprime sentido ao sofrimento.
Mãe-mulher, mulher e mãe
Ligando, apenas ligando,
A poesia e a paixão pela vida,
Ambas decantando, em ágape exaltando,
Escrevendo AMOR em maiúsculas cósmicas
No estrelado céu do sofrimento.
Mãe, mulher bendita que soube amar
Além do suficiente a seus rebentos;
O mais poderoso ser do mundo...
Se não fosse tão persistente, minha mãe,
Em manter a sua, minha vida em movimento,
Se não tivesse experimentando o risco
Que toda semente corre ao engravidar-se de vida,
E nada tivesse feito do que magistralmente fez,
Assombrosa, abissal tristeza nos envolveria
E eu nunca poderia ter compreendido
Os intimidadores calafrios da morte.
Hoje a vejo sentada na sombra fresca
Dos bosque frutíferos da eternidade,
Compartilhando da serenidade que sempre buscou.
Seu coração, um prado de amor,
Gritando em silêncio: Deus descansa no amor.
Todo sofrimento a contorcer seu ser em dor
É hoje o que me sustenta o viver,
É a certeza que a tempestade do amor é a paixão
Sob a qual viveu sua atribulada vida.
Sua vida de raios, trovões e tempestades
Mostra-me que vida só existe quando a construímos
Pois Deus é a explosão da paixão do amor na criação.
Bendita seja a vida
Da mulher-mãe que deu-me vida!
E mesmo que eu morra agora
Não há quem possa privar-me dessa vida!
Minha mãe, um ser espiritual
A quem estarei ligado, sugando luz
Por toda eternidade...

João Luiz Servelhere Maio de 2005 – Dia das Mães




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