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GÊNEROS LITERÁRIOS


VERSIFICAÇÃO

METRO

Metro é a medida ou extensão da linha poética.


Os poetas de língua portuguesa têm usado, dentro da poética tradicional, doze espécies de versos: de uma até doze sílabas. São relativamente raros os exemplos de versos metrificados que ultrapassam esta medida.
Segundo o número de sílabas, os versos se dizem monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos, hexassílabos, heptassílabos, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos e dodecassílabos.
Alguns versos possuem ainda denominações especiais: redondilha menor (o de 5 sílabas), redondilha maior (o de 7 sílabas), heróico (o de 10 sílabas), alexandrino (o de 12 sílabas).
As sílabas métricas, isto é, as sílabas dos versos, nem sempre coincidem com as sílabas gramaticais. A contagem das sílabas métricas faz-se auditivamente e subordina-se aos seguintes princípios:
l) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas numa só emissão de voz, unem-se numa única sílaba métrica. Exemplos:

"A i|da|de aus|te|ra e | no|bre a | que | che|ga|mos."
(Alberto de Oliveira)

1 2 A|cha em | lu|gar | da | gló|ria o| lo|do im|pu|ro."
(Olavo Bilac)

Observações:

a) Para que tais uniões vocálicas não sejam duras e malsoantes, as vogais (pelo menos a primeira delas) devem ser átonas e não passar de três;
b) Não se unem vogais tônicas (vi | ó|dios; es|| ú|mi|do, etc.) nem é aconselhável juntar tónicas com átonas (a|li | o | ve|jo; se||es|po|sa, etc.).
2) Ditongos crescentes valem, geralmente, uma só sílaba métrica: de-lí-cia, pie-do-so, tê-nue, per-pé-tuo, sá-bio, quie-to, i-ní-quo:

0|pe|rá|rio | mo|des|to, a|be|lha |po|bre.
(Olavo Bilac)

Observação:

As vezes, porém, poetas dissolvem ditongos crescentes em hiatos. A esta dissolução chama-se diérese:

"Nem | fez | cas|te |los | gran|di|o|sos

so|bre as | a|rei |as | mo|ve |di |ças?"
(Cabral do Nascimento)

3) Não se conta(m) a(s) sílaba(s) que segue(m) ao último acento tônico do verso. Exemplo:

"Quan|do | no | poen|te o | sol | des |do|bra as |clâ|mides
de | san|gue e | de oi| ro | que | nos | om |bros | le|va,"
(Cabral do Nascimento)

Observação:

Esta regra só atinge versos graves (= os que terminam por palavra paroxítona) e esdrúxulos (= os que terminam por palavra proparoxítona).

Nos versos agudos (= os que terminam por palavra oxítona), contam-se, é óbvio, todas as sílabas:

"Dei|xa | cor |rer |a | fon|te | da i |lu |são!"
(Cabral do Nascimento)


PROCESSOS PARA A REDUÇÃO DO NÚMERO DE SÍLABAS MÉTRICAS


Para atender às exigências da métrica, os poetas recorrem à:
1) crase (fusão de duas vogais iguais numa só):
acalma [al-ma]; o ódio [d-áio]; fogé~è grita [fo-ge-gri-ta]
2) elisão (supressão da vogal átona final de um vocábulo, quando o seguinte começa por vogal):
Ela estava só [e-les-ta-va-so]; duma (por de uma); como um bravo [co-mum-bra-vo]
3) sinalefa ou ditongação (fusão de uma vogal átona final com a seguinte, formando ditongo):
este amor [es-tia-mor],
sobre o mar[so-briu-mar],
aquela imagem [a-que-lei-ma-gem],
moço infeliz [mo-çuin-fe-liz]
4) sinérese (transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra):
crueldade [cruel-da-de}, luar, fiel, magoado [ma-gua-do}
5) ectlipse (supressão de um fonema nasal final, para possibilitar a crase ou ditongação):
co, cos, côa, côas (por com o, com os, com a, com as)
6) aférese (supressão de sílaba ou fonema inicial):
té (por até), inda (por ainda), 'stamos (por estamos)





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