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ESCRITORES


Henriette Effenberger


Lagoa das Garças


Lá em Lagoa das Garças,
onde eu queria ter nascido,
a vida divide, à toa,
três fases de sua lida:

alvorecer encantado,
verde mesclando o dourado.
E, enquanto recolhem-se os grilos,
acordam, ao mesmo tempo,
o peixe e o pescador,
o bote, o remo, a rede,
a água e o barco a motor...

Quando o sol do meio-dia,
no auge do seu vigor,
concentra toda energia,
regurgitando calor,
a natureza faz a sesta,
dormita, em doce torpor...

À tardinha,
o sol, cansado,
boceja, entediado,
róseas luzes no horizonte,
como se fossem trombetas,
chamando para seus ninhos,
alvoroçados passarinhos....

É quando brilha a Estrela D´Alva
e faíscam vaga-lumes,
piscam, ao longe, lampiões,
saltam e coaxam as rãs,
misturando-se aos grilos,
até o próximo amanhã.

Ah! Se eu tivesse nascido,
lá em Lagoa das Garças,
onde a vida vive à toa
e eu, em estado de graça!







(volta)