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GÊNEROS LITERÁRIOS
CRÔNICA
A crônica é um gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo, resultado da visão pessoal,
particular, subjetiva do cronista ante um fato qualquer, colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano.
É uma produção curta, apressada (geralmente o cronista escreve para o jornal alguns dias da semana, ou
tem uma coluna diária), redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito próxima do leitor.
Quase sempre explora a humor; mas às vezes diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa – fiada.
Noutras, despretensiosamente faz poesia da coisa mais banal e insignificante.
Registrando o circunstancial do nosso cotidiano mais simples, acrescentando, aqui e ali, fortes doses de
humor, sensibilidade, ironia, crítica e poesia, o cronista, com graça e leveza, proporciona ao leitor uma
visão mais abrangente que vai muito além do fato; mostra –lhe, de outros ângulos, o sinal de vida que
diariamente deixamos escapar.
Um rápido confronto entre conto e crônica
A crônica é o relato de um flash, de um breve momento do cotidiano de uma ou mais personagens. O que
diferencia a crônica do conto é o tempo, a apresentação da personagem e o desfecho.
No conto, as ações transcorrem num tempo maior: dias, meses, até anos, o que não se dá na crônica, que
procura captar um lance curioso, um momento interessante, triste ou alegre. No conto, a personagem é
analisada e/ou caracterizada, há maior densidade dramática e freqüentemente um conflito, resolvido em
desfecho. Na crônica, geralmente não há desfecho, esse fica para o leitor imaginar e, depois, tirar suas
conclusões. Uma das finalidades da crônica é justamente apresentar o fato, nu, seco e rápido, mas não
concluí-lo. A possível tese fica a meio caminho, sugerida, insinuada, para que o leitor reflita e chegue
a ela por seus próprios meios.
Vamos supor que você surpreenda um garoto pobre tremendo de frio e olhado fixamente para um pulôver
novinho na vitrina duma loja. Ora, isso dá uma excelente crônica. Você relataria o flash, a cena em si,
mas não o desfecho: o menino comprou ou não o pulôver? Nada disso. Acabando de "pintar" o quadro,
terminaria o texto, deixando o leitor a tarefa de refletir sobre a miséria, a fome, a má distribuição
de renda, a injustiça social etc. É essa, muita vezes, a finalidade da crônica e a intenção do cronista.
Seu texto não tem resolução, não tem moral como na fábula, é aberto para que cada leitor crie o final
que melhor desejar. O cronista, no fundo, deseja que seu leitor seja um co-autor. A crônica, grosso
modo, equivale à ilustração dum texto dissertativo, sendo um meio-termo entre narração e dissertação.
(volta)
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