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ESCRITORES


 


 Maria Cecília de Lima


Nascida em Bragança Paulista em 1978, desde criança Maria Cecília desejava ser escritora. Sua inspiração veio de sua avó Conceição que era uma grande contadora de histórias.
Formou-se em Hotelaria e fez duas pós-graduações em Gestão Estratégica da Educação e Gestão Pública.
Escreveu quatro e-books infantis: Joãozinho e a Maçã, Amapola, As melhores histórias dos Irmãos Grimm e Fábulas que minha avó contava, todos vendidos pela Amazon.
Possui um site de histórias infantis com mais de 500 histórias divididas em Fábulas, Folclore, Contos Africanos, Contos Americanos, Contos Asiáticos, Contos Assustadores, Contos Engraçados, Conto de Fadas, Contos Indígenas, Contos para Refletir, Contos Religiosos, Demais Histórias e Poemas. Todas as histórias são adaptações de histórias de domínio público.
Maria Cecília acredita que ler para as crianças é uma ferramenta poderosa para criar laços eternos com eles. A autora continua escrevendo como homenagem à sua avó.
Leia mais em: http://www.historiasqueminhaavocontava.com/




O sonho do monge

Autor desconhecido

Certa vez, um monge beneditino muito velho estava fazendo suas orações e pensando que em breve morreria devido à sua avançada idade.
Apesar da sua fé, ele tinha muita curiosidade sobre a vida após a morte, principalmente sobre o céu e o inferno.
Naquela noite o monge foi visitado em sonho por um anjo que lhe perguntou se ele gostaria de visitar o céu e o inferno.
O monge, cheio de curiosidade, aceitou a proposta do anjo e os dois partiram, primeiro para o inferno.
Lá, as almas eram tristes, magras, com o olhar fundo e aspecto doentio. Mas no meio do inferno havia uma grande mesa onde eram servidas as melhores iguarias, os pratos pareciam tão saborosos e eram tão cheirosos que até o monge ficou salivando.
Então ele perguntou ao anjo:
– Por que essas almas não podem comer?
– Eles podem, mas não conseguem, repare nos braços deles, seus cotovelos dobram para trás, assim, mesmo que peguem a comida, nunca conseguem levar à boca.
Depois de andarem por todo o lugar os dois partiram para conhecer o céu.
Entrando no céu, viu que as almas eram alegres, sorridentes, coradas e com aspecto saudável, eram até mesmo meio gordinhas. No meio do paraíso havia uma mesa idêntica à do inferno, com os mesmos alimentos deliciosos.
Então o monge falou:
– Ah! Aqui os cotovelos dobram para frente e assim as almas podem comer?
– Não! Aqui todos tem os cotovelos dobrados para trás também.
– Mas estão todos gordinhos, como comem?
– Aqui as almas alimentam umas às outras.
Conselho de vó: O céu e o inferno na sua vida dependem unicamente da sua atitude para com as pessoas à sua volta.



O buraco no caminho

Autor desconhecido

Certa vez, um homem caminhava por uma estrada quando, distraído, caiu em um grande buraco.
O homem gritou por ajuda, mas ninguém apareceu. Tentou escalar as paredes do buraco, mas sempre escorregava e caia.
Ele chorou, gritou, xingou, se culpou, culpou a pessoa que cavou o buraco.
Depois de muito sofrimento, depois de muito pensar e analisar a situação ele teve a ideia de fazer buracos para colocar os pés e assim conseguir sair do lugar.
Depois de muito suor, dedos machucados e braços arranhados ele, por fim, conseguiu sair dali.
Alguns meses depois ele precisou passar pelo mesmo lugar.
Como andava distraído, novamente caiu no buraco.
Desta vez ele se irritou por ter cometido o mesmo erro, xingou, gritou.
Porém, ele sabia como sair de lá, depois de um tempo, dedos machucados e braços arranhados ele saiu.
Passaram alguns meses e passando pelo mesmo lugar, andando distraído, ele caiu pela terceira vez, no mesmo buraco.
Desta vez, ele nem chorou, nem xingou, nem gritou, somente fez o que tinha que fazer e saiu daquele lugar.
Mais alguns meses se passaram e o homem precisou passar pela mesma estrada.
Desta vez, ele se lembrou do que havia acontecido e, atento, desviou do buraco.
Um ano depois da primeira queda, ele precisou passar novamente pela estrada, mas dessa vez, ele resolveu encontrar um outro caminho mais seguro para chegar ao seu objetivo.
Conselho de vó: Todos nós cometemos erros, algumas vezes, infelizmente, cometemos o mesmo erro por diversas vezes. Aprendemos com o erro e nos recuperamos cada vez mais rápido, mas o importante é ter maturidade para escolher um novo caminho.



O homem sem sorte

Autor desconhecido

Era uma vez um homem que dizia para todo mundo que não tinha sorte. Sempre que encontrava alguém que lhe desse atenção ele começava a contar todas as coisas que deram errado na sua vida.
As pessoas o ouviam uma ou duas vezes, depois já começavam a atravessar a rua para não encontrar com ele, por isso, ele ficava cada vez mais sozinho e culpava a sua sorte pela solidão.
Certo dia, ele resolveu descobrir por que não tinha sorte, decidiu partir em peregrinação para a montanha mais alta do seu país e perguntar a Deus a razão dos seus problemas.
Ele preparou uma mochila e partiu em sua viagem.
Quando chegou ao pé da montanha ele entrou em uma floresta densa e depois de alguns minutos caminhando ele encontrou um lobo.
– Me ajude! – falou o lobo.
O lobo estava muito magro e doente. O homem começou a contar ao lobo todos os seus problemas e falou que estava procurando Deus para entender por que não tinha sorte.
– Se vai encontrar Deus, pergunte a ele porque estou tão magro e doente.
O homem concordou e seguiu em seu caminho.
Depois de muito andar ele ouviu uma voz:
– Me ajude!
Ele olhou a seu lado e viu uma árvore sem folhas, seca e quase morta, suas raízes saiam da terra formando um buraco.
O homem viu a situação da árvore e começou a contar a ela todos os seus problemas. Depois de desabafar, ele contou que estava procurando Deus para entender por que não tinha sorte.
– Se vai encontrar Deus, pergunte a ele porque estou tão desnutrida.
O homem concordou e seguiu o seu caminho.
Depois de muito andar e já começando a anoitecer, o homem encontrou uma cabana. Lá vivia uma moça que lhe recebeu e lhe deu de comer. O homem lhe contou toda a sua falta de sorte e lhe disse que estava procurando por Deus para entender a razão do seu azar.
– Se vai encontrar Deus, pergunte a ele porque me sinto tão triste e solitária.
O homem concordou, passou a noite na cabana e no dia seguinte seguiu o seu caminho.
Depois de mais um dia de caminhada o homem chegou no topo da montanha e lá tinha um lindo jardim com as flores mais belas de todo o mundo.
O homem imaginou que aquele jardim seria a casa de Deus, mas ele não viu a beleza das flores ou sequer sentiu o perfume delas.
Então, Deus apareceu e o homem contou a ele todos os seus problemas e sua falta de sorte, por fim, depois de desabafar, ele perguntou a Deus:
– Onde está a minha sorte?
– A sua sorte está pelo mundo, procure e irá encontrar!
O homem ficou feliz, agora encontraria a sua sorte. Ele colocou a sua mochila nas costas e já estava voltando quando Deus falou:
– Não está esquecendo nada?
– Não – falou o homem.
– Você não havia prometido me fazer perguntas em nome do lobo, da árvore e da moça?
– Ah! Sim, estava esquecendo!
Deus deu a resposta que ele deveria dar aos três e o homem seguiu o seu caminho de volta.
Quando chegou na cabana a moça lhe recebeu com alegria e perguntou:
– Encontrou Deus?
– Sim, Ele me falou para te dizer que você deve encontrar alguém para lhe fazer companhia.
– Nesse caso, fique morando comigo e seremos felizes juntos.
– Não posso, Deus falou que minha sorte está no mundo e eu preciso buscá-la.
O homem continuou o seu caminho e passou pela árvore que o recebeu com alegria:
– Encontrou Deus?
– Sim, Ele falou que há um baú de ferro cheio de moedas de ouro enterrado embaixo das suas raízes, assim que retirar o baú você será curada.
– Por favor, retire o baú das minhas raízes.
– Não posso, Deus falou que minha sorte está no mundo e eu preciso buscá-la.
O homem continuou em seu caminho e encontrou o lobo que o recebeu com alegria:
– Encontrou Deus?
– Sim, Ele falou que seu mal é fome, você deve fazer uma refeição rapidamente ou morrerá.
Nesse momento o lobo reuniu o pouco das forças que tinha e com um bote ele comeu o homem sem sorte.
Conselho de vó: A nossa sorte e a nossa felicidade estão a nossa volta, só é preciso saber olhar, não sejam como o homem sem sorte.





 
(volta)