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ESCRITORES


 


SILVIO DEJEAN

 


Filho do poeta Silvio Eugênio Mario Dejean, nasceu em São Paulo, professor, se dedicou no ramo esportivo como educador físico e empresário.
Autor dos livros "De pai para filho" e " O voo do poeta" é membro da ASES- Associação de Escritores de Bragança Paulista e da ABL- Associação Bragantina de Letras.





A batalha das letras

 
Sonho que alguém entra pela vereda,
para lograr-se, eleger-se,
caminhar no incerto,
visando curar as chagas do analfabetismo

Quantas vezes o óbvio foi declarado?
Nas batalhas das letras fecundados,
nas glórias vãs dos exércitos,
nas dores expressas nas bocas dos seus canhões.

Trincheiras da ignorância idealizadas por comandantes,
lança que se crava nas costas dos descamisados,
e o punhal perfurante que extirpa o mero figurante.

Onde fica o solo dessa mãe gentil?
Se erguerem da justiça a clava forte,
os filhos teus não deveriam fugir desta luta!

Preencher nossos abismos, mesmo sabendo
que não somos donos dos nosso espaço,
somente do cansaço,
dos receios, da nossa dor.

Quem muito fala e não pensa,
acaba por  se afogar no mar de suas palavras.
Sensato seria termos homens cultos,
mulheres sábias que enxergam longe ,
usando os livros como seus telescópios. 



Novo céu


Em que trópico te acho nesta solidão?
Em um dia todo azul ou nublado?
Se a neblina embaça minha intenção,
vou espalhá-la, desnorteado.

Pode ser em um casual esbarrão,
ou em um bar, na noite, quem sabe?
talvez esperando para embarcar no avião,
ou voltando do trabalho, ao final da tarde.

Razões infinitas te vestiriam melhor
nos meus sonhos, nos meus braços...
aquietaria o universo e tudo ao teu redor
ao desenhar-te com meus traços. 

Completaria meu meio sorriso,
sairia dos trilhos, perderia o juízo,
até trocaria em uma estrela,
tentando à força, retê-la...

Entrelaçaria os meus e os teus passos,
nossas mãos, nossas vidas, enfim...
Voar de novo tendo-te em meus braços
no céu criado por ti, também para mim.



Um pouco de juventude


O rosto que se fez no reflexo do espelho,
não era meu, parecia de outra pessoa,
a buscar um traço inocente,
resquício de amor adolescente.

Ouço a chuva intermitente
 salpicando sobre o velho lago
 ainda com a flor de lótus decorado
 pela natureza benevolente.

 Então são abertas  aquelas cortinas
da já tão antiga janela da solidão
 de onde visualizo o banco com folhas secas
à espera do vento que as leves do chão.

 O tempo passa e a vida se esvai
 desliza com os dedos em um teclado
 como trem que range desgastado
 enquanto o dia se finda e a noite cai...

Disso tudo ainda resta o espelho
 que insiste mostrar aquela velha imagem
 de nossas bocas se unindo em ardente
 que reacendeu o fogo quase apagado...

 O motor desligado ganha vida
 e o desejo em toda a sua plenitude
acende o combustível que ainda resta
que explode com força como na juventude.




 
(volta)