Nasceu
em 15 de outubro de 1971, em Manga- MG, cidadezinha do extremo norte
mineiro, cresceu às margens do Velho Chico. Negra, de família humilde,
ainda menina os encantos da paisagem ribeirinha a seduziu inspirando
seus versos. Casou – se cedo, e com a chegada dos filhos, protelou seus
anseios de concluir o curso universitário. Não obstante, o ávido desejo
por conhecimento, a fez debruçar sobre os livros de bibliotecas
públicas, aguçando-lhe a ousadia de publicar sua primeira obra: “Um
Leão no Caminho do Profeta” e o “O Sábio Veredicto”, histórias
bíblicas contada em Poesia.
Atualmente, desenvolve um projeto cultural literário, voltado à
comunidade surda e outras deficiências: "Poesia nas Mãos, Linguagem
Poética em Libras", com recitação de Poesias de seu livro “Jardim de
Versos”. Mari Farias é cantora e compositora de quase 80 músicas
cristãs.
Um Rego d'Água
Autora: Mari Farias
Só um tronco decepado sem esperança
Seus galhos, como braços arrancados
Perdeu-se do vento o abraço
Nada mais lhe resta, só cansaço
E o seu destino breve é morrer
Nem sequer aquela sombra companheira
Da vizinha, com suas folhas tão gentis
Já se foi, e ao redor é só clareira
Seu destino é o desejo da fogueira
Ninguém vê a esperança a resistir
Ali apenas tronco em terra seca
Solitário de raiz teimosa e firme
Basta-lhe somente um rêgo d’água
E o tronco que de tudo não desiste
Resta-lhe a seiva da esperança
A quem outrora a viu sozinha e triste
Basta-lhe somente um rêgo d’água
Bebe, sorve e nutre tua raiz
Contraria tudo! E floreia!
Cheio de esperança, acredita
Dê teus frutos e surpreenda, a quem desdiz
Assim também alguém que tudo perde
E só; quando ninguém lhe estende a mão
Qual tronco decepado desvanece
Anseia o resto vivo ainda aceso
Basta-lhe o cheiro de um ribeiro
E a raiz bem escondida então revela
Volta a renascer mais forte e bela
Contrariando quem a via infeliz
Bilhete I
Autora: Mari Farias
No peito a bagagem
para aquela viagem
Que eu planejei
Não quis ir sozinha,
De tudo que eu tinha
Faltava você.
Tentei novos planos
E vão-se os anos
Nada aconteceu
Perguntas ao tempo
Por que os lamentos
nos olhos meus
É que nessa viagem
Vi que em tua bagagem
Jamais caberia
Um dos sonhos meus
Bilhete II
Autora: Mari Farias
Te olhando de perto
De coração aberto
Jamais duvidei
De fato é sincero
Esse teu anelo
Igual, não achei
E aquela bagagem
Para aquela viagem
Inda não encerrei
Estava tão cheia
De coisas alheias
Eu desapeguei
Me acalma saber
Tanto sobre você
Confidências tão nuas
Se fizer diligência
Com essa tua paciência
Minha presença é tua
Perguntei mesmo ao tempo
Por que tantos lamentos
Em teus olhos negros
-É amadurecimento
És tão forte e valente
Quase não tens medo
Nem notaste nas curvas
Dessa longa estrada
Também vou palmilhando
Tanto me dediquei
Também quase parei
Por te ver, sigo andando
Vou contar um segredo
Que até me põe medo
Assim mesmo confesso
Nunca foi meu pensar
Ver teus planos mudar
Bom é ter você perto
E sobre a bagagem
Para aquela viagem
Que você planejou
Tu não foste sozinha
Descobri por acaso:
Amizade é Amor!
Baile dos Olhos
Autora: Mari Farias
Você aceitou minha dança
Antes que a trilha tocasse
Nem sequer uma palavra
Tínhamos o mesmo compasso
Baile de olhares fugazes
Como um beijo roubado
Sob a cortina das pálpebras
Quase em risco de flagra
Baila comigo outra vez
Quero deixar-me levar
Deixa ecoar o silêncio
Beija-me com teu olhar
Pousa assim lentamente
Mergulha em mim, sou teu mar
Com mil palavras caladas
Ditas apenas no olhar
Vê como ri meus olhos
Quero contigo bailar
Verbalizando baixinho
Respostas ao teu olhar
E neste pertencimento
Bailando me faz flutuar
Perpendicular promessa
Do horizontal desejar.