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COMPROMISSO

 

Fabio Siqueira do Amaral

 

Para que falar em compromisso,
se o humano ser não abrange tal palavra?

Para que falar em compromisso,
se em qualquer acordo que se lavra

já se apresenta a pecha deslavada
de obscura solércia desfraldada?

 Mil e mil são os compromissos...

Compromissos entre homens e mulheres,
vezes incontáveis abjurados!
Compromissos de pais para com os filhos,
tantas... tantas vezes relegados!
Compromissos de religiosos para com os fieis,
impudicamente conspurcados!
Compromissos de mestres para com os alunos,
de responsabilidades liberadas!
Compromissos da comunicação ante a verdade,
locupletando economias desvirtuadas!

Compromissos da cultura contra a mediocridade,
apoiando a deficiente sensibilidade!
Compromissos de políticos para com os eleitores,
sonegados com a mais rematada falsidade!
Compromissos dos governantes para com o povo
traídos, manuseados, de acordo co(m) vis interessados!

Compromissos dos médicos para com os pacientes
calcados sob os pés que agem impunemente!
Compromissos da Lei contra as desordens
obrigando honestos a sustentarem aos que lhes mordem!
Compromissos dos poetas para com os sentimentos
que se negam dilatar horizontes aos quatro ventos!

Enfim... Enfim...

São incontáveis os compromissos!
Não serão alianças que os manterão fixos!

Ao que inatingido foi,
— cuja visão é cega —
recorra ao vizinho... e
questione suas quebras...

Hipocrisia – seu outro nome é compromisso!



 
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