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ESCRITORES


José Solha


DESTE PEITO AMANTE


Menina linda
De olhar tão verde,
De falar macio
Que a mim encanta ...

De sorriso franco,
De piadas fortes,
Sei que és "de morte!".
Mas, te amo tanto !

Menina meiga
De Carinho pronto,
De beijar tão doce
E suspirar baixinho...

Menina gente,
Que mentir não sabe,
Nem que o mundo acabe
Quero estar presente;
Deste olhar tão verde E teu falar macio,
Do carinho pronto
E do teu beijo quente...

Ai que bom menina
Se possível fosse
Suspirar contigo
Ao menos um instante !

Pra seguir avante
Meu caminho incerto,
Tendo a ti mais perto
DESTE PEITO AMANTE !



MEU GIGANTE


Sentado ao umbral da porta
Uma figura impoluta
Cuja presença conforta
Nosso viver, nossa luta...

Inda quando pequenino
Esse gigante incansável
Deu formas a meu destino
Sempre gentil e amável

Hoje, já velho, cansado
Sentado ao umbral da porta,
Lança um olhar ao passado
Saudoso das coisas mortas.

Me achego reconhecido
Pouso a cabeça em seu peito,
Como a dizer-lhe "Querido",
Tu fostes mais que perfeito.

Esse é um quadro importante
Que do meu peito não sai,
Lembra-me sempre "o gigante"
Que sempre fostes, PAPAI !


ETERNO APAIXONADO


Quando as marcas do tempo
atingirem tua face,
quero estar contigo.......

Quando as rugas implacáveis
mudarem teu semblante,
quero estar contigo......

Mesmo se não forem tão negros os teus cabelos,
e a tua voz tão firme como outrora,
quero estar contigo o tempo inteiro,
quero estar contigo, como estou agora.

Se as tuas mãos não forem tão macias,
e se tua face perder esse rosado,
quero estar contigo, ainda mais um dia,
quero estar assim: juntinhos lado a lado.

Quando o corpo esbelto, escultural figura,
deixar seu formato num verão passado,
quero estar contigo com maior ternura,
quero estar contigo como tenho estado.

Quando forem flácidos teus lindos seios,
ou nenhum encanto teu tiver restado,
quero estar contigo sem qualquer receio,
de n'algum momento haver te abandonado.

E se a tua vida, um dia, a morte infame,
o aço frio do alfanje houver ceifado,
mais do que nunca eu estarei contigo,
igual a sempre, ETERNO APAIXONADO...



PONTO AÇÃO


Nos encontramos
em pontos reticentes
e numa vírgula
fiz a minha pausa.
Entre colchetes
mostrei-me ser carente
apostrofado defensor
da tua causa.
O teu olhar
foi ponto exclamativo
e meu espanto
em síntese grifado.

Entre dois pontos
o verde de teus olhos
a me fitar
num quê interrogativo.
Tornou-se agudo
o impasse do momento
pondo em parêntesis
o meu real motivo.
Senti-me preso
ao til dos teus encantos
e num parágrafo
mostrei-te o coração.

Mas fostes embora
como a graça da cedilha
nos separando
por um grande travessão.

Da estória que acima
lhes relato,
que parece um evento
casual,
Só ficou a lembrança
do retrato,
dum lacônico e cruel
PONTO FINAL.



(volta)