AVENTURAS DE UM SUPER-HOMEM MODERNO


Eu sou um super-homem moderno:
Enfático, de plástico e problemático.
Não espero nada. Faço acontecer.
Não suporto a concorrência : sou moderno.
Porque sou apressado e lunático,
recebo multa de trânsito ... Até espacial!

Mas , para meu controle diário,
nada melhor que meu computador,
comprado no crediário.
É para lá de legal.
Ele me coloca no topo do mundo moderno.
Corrige meus erros ortográficos.
É o banco de dados de minha falida memória.
Com ele, faço até fofoca internacional
e participo da História.

Nas minhas peripécias diárias,
visito com prazer o supermercado,
onde empurro intrépido,
um carrinho lotado de... latarias,
frios, sucos e outras
quinquilharias.
Mas surpresa mesmo, espera-me no caixa.
Certa vez, tive até ameaço de enfarto.
Como resolvo qualquer problema
no ato, saquei do meu celular,
chamei meu médico, que não me atendeu,
e mandou-me dizer que eu não tenho remédio:
Não sou mais de aço. Sou de silicone e plástico.

Esta vida de super-homem moderno
é mesmo um tédio.
O controle remoto da TV, do Vídeo e do CD
é o meu melhor amigo.
Com meus inimigos, não me preocupo tanto.
Peço ajuda aos duendes, às bruxas,
aos anjos e aos santos.
No café da manhã, devoro um lanche
saído do microondas,
junto com meu jornal.
Almoço SPTV.
Janto Jornal Nacional.

Minha secretária eletrônica
é minha grande amiga: me passa os recados.
Pelo fax, recebo os urgentes
comunicados. O último dizia:
"Invasão de sua fazenda no Pontal do Paranapanema".
De imediato, acionei meu jatinho
e voei para o local. Resolvi o impasse.
A justiça decretou a reintegração de posse.

Para manter minha forma, à noite,
malho numa academia.
Nos fins de semana, ora corro
em qualquer praça, ora pedalo por uma avenida
cheia de fumaça . É uma correria.
Depois, para não perder a graça,
dou uma passadinha no Shoping mais próximo,
para lanchar no McDonald´s e CIA.
Às vezes, não consigo sair da fila de estacionamento.
Desisto. Não tem a menor graça.
Faço meia volta,
volta e meia, vou para a lanchonete,
ou lancho numa barraquinha de esquina.

Depois de um dia tão especial,
exausto, volto para casa asmático.
Essa poluição ainda me mata!

No trânsito, levo vantagens em todas:
Ultrapasso pela direita e tiro finas.
Ao chegar em casa, estaciono na calçada
e me plugo na TV.
Ah! Nada como esperar pela segunda-feira
e terminar meu domingo ,
assistindo "Os gols do Fantástico".
Aquele "Jogo Rápido" é o máximo!
Esta é a vida de um super-homem,
que não é SUPER, nem de aço,
mas um HOMEM apenas....
Lutando por espaço. Ufa! Que cansaço!