Mensageiro da Paz

 

Não foi para isso que eu vim...

E olhe que eu vim de longe,
de sombrios horizontes,
por entre céus e ventos
e o imenso mar profundo,
trazendo flores na fronte,
sonhos no peito aberto
e em forma de pensamento
trazia no coração
amor para todo mundo...

Mas passei sem ser descoberto.

E olhe que eu vim de longe
e sem tempo para contar,
morei em castelos de pedra,
morei em conchas do mar,
senti os sonhos dos homens,
vivi de olhar em olhar,
revi o presente e o passado,
gritei aos cantos da terra,
das planícies ás altas serras,
meu canto de paz ecoou.

Mas, em vão.. ninguém escutou

E olhe que eu vim de longe
e volto aos meus horizontes.
O tempo, que não conta acabou.
Os castelos de pedra ruíram,
as conchas, o vento as levou.
As flores da minha fronte
perderam sua cor antiga
e as canções cantadas outrora,
por mais que as cante agora,
só falam de despedida.

Mas, minha paz foi esquecida

E olhe que eu vim de longe,
nas asas da esperança,
estive em tudo, mas não sei onde
ficou minh'alma de criança
É pequeno o espaço do meu sonho,
do tamanho de uma vida
e cabe certo num coração tristonho.
Desesperançado, volto, enfim,
envolto na humana insatisfação
com a solidão dos homens dentro de mim.

Mas, olhe, não foi para isso que eu vim...