Prosa de Caboclo
Sorrateiro,
Como quem gosta de brincar
O vento foi se levantando,
Abraçou a copa do arvoredo,
Espantando a passarada,
Num estrondo forte de gargalhada.
Depois,
Como quem quer fazer medo,
Abaixou o topete e passou rasteiro
Encrespando as águas do Outeiro.
Fez redemoinhos no brejo do Guapira,
Assustando a Mãe Dágua,
O Saci e o Curupira.
Não contente com a brincadeira,
Rumou pelo grotão da encruzilhada
Fazendo a poeira esconder o taquaral
Da curva da estrada...
Nesse alvoroço
Abriu porteiras, derrubou cercas,
Soltou o gado na ribanceira,
Descabelou chorões,
Despenteou palmeiras
E cobriu o céu
Com uma grande nuvem preta...
Eta, vento safado!
Só pode ser arte do capeta!

|