Madrugada

 

Sempre foi assim;
Palavras cortantes, ausências constantes,
Estrondo de portas batidas, fechadas,
Passos apressados na calçada
E a solidão comigo, neste silêncio atroz.
Vejo os vultos na esquina
Casais de namorados, risos molhados
E a chuva fina intermitente
Através da vidraça confidente.
Que falta me faz a força do seu olhar,
Seus sonhos, seu riso
Sua paz... meu paraíso.
E quando falava de amor
Eu sentia a brisa do mar em sua voz.
Sem você, nem posso respirar,
Espero-o toda madrugada
Ouvido colado à porta
E quando ouço o ruído dos seus passos
Rangendo a escada,
Acendo-me em desejos e procuro entre os pedaços
De mim mesmo, o perdão envolto em dor,
Em esperanças, em beijos e abraços
E me entrego novamente ao seu amor.