Super Homem

 

Para o vôo do super homem
não precisou salvou conduto,
nem capa, nem asas de anjo;
lançou no ar o seu grito
que do alto do viaduto
chegou lá no infinito.
Flutuou em câmara lenta,
Reviu o bueiro - seu lar,
A marquise, a sua cama
os andrajos que vestia
na corda da praça a secar.
Em seu êxtase sorria
Por não ser mais vira-latas
Pedindo de porta em porta
Mas, menino passarinho
Sobrevoando a miséria
Da dor que fere e consome
como um câncer que corrói
e destrói a própria fome
de uma vida já morta.
Seu desejo de liberdade
Era conquistar a altura
e talvez nessa loucura,
os pais poder abraçar.
A cola deu-lhe a coragem
E também o desvario
Para vencer sua dor.
Neste vôo para o vazio,
Deixou de ser bicho-homem
Pra ser anjo do Senhor.