O Semeador

 

Após o trabalho de semear, o lavrador
Ajoelhou-se na terra, sulcada pelo arado,
Alquebrado, olhou o céu em contemplação
Deixando-se ficar, sem fazer sequer uma oração.

Deus sentiu o seu desejo, seu fervor, sua ansiedade
Poupando seus campos da seca e da tempestade.

Após o sofrimento de ser só, como o lavrador
Eu descansei minha alma na tarde que morria,
Tão cansado de semear, nada mais sentia
A não ser a dor de não colher sequer uma flor
Tendo semeado amor com tanta intensidade.

Deus sentiu o meu desejo, meu fervor, minha ansiedade,
Poupando meu coração da solidão mas encheu-o de saudade.