Reminiscências

 

A saudade nasceu mansa
Como nasce um rio estreito
E que pouco a pouco avança
Arrastando no seu leito,
Pedaços de sonhos, lembranças
Que vem de um passado distante
E deságua forte em meu peito.

... minha casa ensolarada,
a presença de meus pais
o cheiro bom da comida,
a primeira calça comprida,
meus amigos de ideais,
os segredos compartidos
no mesmo banco da praça,
alegria jovem, sem sentido
onde a vida é riso e graça.

Quisera represar esse rio
Num grande e doce remanso
Bem junto ao meu coração,
Com margens de calmo horizonte,
Onde a saudade só fosse descanso
E não a nostálgica fonte
De tanta, tanta recordação.