Boomerang


Às vezes,
meus sentimentos fogem de mim...
Escondem-se
num emaranhado de fatos sem fim,
Camuflam-se
em meus atos desencontrados.
Perco-os de vista...
Esqueço-me deles!
Então, subitamente,
 eis que um me aparece
nas notícias do amigo ausente,
outro, no abraço do amigo presente.
Surpreendo-me
 cada vez que isto acontece.
Com a mágoa que não queria causar
e causei...
Com a dor que não evitei...
Ou quando recolho, de volta, o afeto
 que dediquei a alguém
ou amparo-me nas mesmas mãos
que um dia segurei.
Quando recupero o beijo perdido
ou retomo o sorriso esquecido...
Retornam-me os abraços, os afagos, os afetos...
Todos os sentimentos
que, de coração aberto,
não neguei...

Women´s Lib


Os seios eram fartos,
tais como os quadris,
moldados que foram
nos diversos partos.
 
Pequeno nariz,
mãos calosas,
coxas vigorosas,
olhos brilhantes,
lábios falantes.
 
Era mulher, como outra qualquer!
 
Os sonhos? Esquecera
que um dia os tivera.
Tinha por metas
questões concretas:
o feijão a cozinhar
não podia queimar.
O filho a chorar,
tinha que calar.
O marido embriagado,
ser suportado...
 
Mas lhe sobrava
o que a algumas faltava:
determinação!
 
O marido dormia
e desconhecia sua intenção.
Desligou a panela,
fechou a janela,
reuniu as crianças
como quem tange gado.
Retirou dos guardados,
os últimos trocados.
 
Respirou esperança...
 
Trancou o portão
e encarou a rua.
O andar confiante,
confirma-lhe, adiante,
que apesar de crua
a vida é só sua!

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