HOMENAGEM AO PARANÁ, TERRA
DOS MEUS AMORES...
Paraná! Por não te esquecer precisei voltar...
O carro roda e as imagens se
vêm...
As paisagens desfilam, dentro e
fora de mim: ar novo, grandes cafezais, o verde que me lembra vida.
Paraná: me deste tudo!
Me deste o amor, o crescer, pois de
ti geraste o seiva que hoje alimenta a minha vida.
Como num sonho, a lembrança vem
chegando...
Era um mês de julho, dos muitos
felizes que por ali (e por aqui) já vivi.
O caro não era tão veloz, por
isso a recordação teve tempo de se acomodar na visão de quem contemplou extasiada tuas
riquezas naturais ( e humanas!)
Quando o convite me veio, para
conhecer outro pedaço de Brasil, conhecer outras pessoas, hesitei, mas acabei por me
decidir.
Começo de namoro, sabe como é,
família parecia curiosa em me conhecer
"Sei lá como irão me
receber" - não pude deixar de temer . Parecia tudo tão novo, tão diferente...
E a diferença é algo que pesa e
como pesa. Para mim foi um "peso" de acréscimo em minha bagagem de
recordações.
Há vinte anos passados aceitei o
convite para conhecer o Paraná. E para Umuarama seguimos: João, eu, os nossos sonhos,
mais uns...
Fui cantando, descobrindo, fui
chegando ao Paraná...
Na fronteira com São Paulo, dividi
definitivamente minhas fronteiras.
Tudo lá era tão novo, tão
desigual, tão sedutor. As casas, em sua simplicidade pareciam pequenas, as famílias que
ali se abrigavam eram enormes. "Madeira da boa, era o que diziam, aprendemos aqui a
arte de construir".
E o desenho de sua arquitetura
enchiam meus olhos, extasiavam-me o espírito artístico, o trabalho do artesão que se
lançava à tarefa de erguer mais uma delas.
Um mês se passou, naqueles tempos.
Dias e dias de percorrer os imensos cafezais, beber do leite , recolhido às cinco da
manhã , bisbilhotar no preparo de seus derivados, queijo, manteiga, requeijão caseiro.
Aprendi como fazer.
Olho agora pelo vidro e contemplo a
extensa lateral verde que nos acompanha. No banco de trás, um casal de adolescentes não
dormem, falam muito, o que torna menos cansativa as dez horas de viagem: meus filhos,
pedaço de alma paranaense.
Entro na conversa e pergunto a meu
marido:
Lembra daquela vez em que o
Júnior, com apenas dois meses, acomodado em seu "moisés", chorou no banco de
trás, reclamando a mamadeira...fria?
Nitidamente. Eram 4 horas da
manhã, viajamos a noite inteira e estávamos chegando em Maringá...
E no tanto que chorou ao ouvir pela
primeira vez um galo cantar, no começo de tarde, à janela do quarto dos avós?...
Eles riem, e emendam novas
lembranças : da ajuda no trato às galinhas, recolher as vacas leiteiras, apartar os
bezerros e.... do leite que nunca conseguiram extrair, embora a avó ensinasse
corretamente a técnica do como fazê-lo.
Agora, vinte anos após aquela
primeira vez, buscávamos o pernoite nas estradas, que pena, os avós de lá se mudaram,
os cafezais já não são tão imponentes, o gado pouco, economia pobre, por obra de tanto
descaso governamental.
Mas a emoção flui, saudosa,
agradecida e audaz, assim como o Paraná, cuja memória é uma grandeza para a nossa
História..
Paraná: precisei voltar, para te
agradecer!