NAS ASAS DA BORBOLETA

Borboleta, minha bela companheira!
Que voas livre e solta junto a mim...
Quero agarrar-me às tuas asas
e voar...voar pela terra inteira,
desvendando os mistérios do Sem-fim.

Na floresta sombria e tenebrosa,
ver os pássaros e as feras perigosas.
E por entre as ramagens à luz do arrebol,
poder ouvir a sinfonia maviosa,
e, extasiada contemplar o rouxinol

Sobrevoar as areias do deserto;
nas águas frescas do oásis, molhar a minha mão.
Percorrer as geleiras e as montanhas,
e, com cautela, chegar perto, muito perto
da cratera fumegante do vulcão.

E o milagre da vida a se renovar,
nos homens, nas plantas e nos animais,
poder também contemplar.

E, ao voltar dessa viagem tão fugaz,
Curvar a fronte em silente oração;
agradecer ao Criador e pedir paz.


VESTÍGIO

De todas as coisas que fazemos
fica sempre um vestígio qualquer...
O perfume da rosa que ofertamos,
o fruto da árvore que plantamos.
Da semente que espalhamos,
o duro espinho ou a delicada flor.
A ruga sulcada no rosto
pelo riso ou pela dor.

De todas as coisas que fazemos,
fica sempre um vestígio qualquer...
A doce lembrança
do amor que ficou no passado.
A saudade infinda
de um romance terminado.
A paz que envolve a alma
pelo perdão que se fez mister.
O sentimento do amor profundo,
que, como uma onda parte de nós
e se espalha pelo mundo...